10 de out. de 2011

Desecanto

Muitas vezes cantei nos tempos idos,
Acalentando sonhos de venturas;
Então da lira a voz suave e pura
Era-me um gozo d'alma e dos sentidos.

Hoje vejo esses sonhos convertidos
Num acervo de penas e amargura,
E percorro da vida a estrada escura
Recalcando no peito os meus gemidos.

E se tento cantar como remédio
Às minhas mágoas, ao sombrio tédio
Que lentamente as forças me quebranta,

Os sons que arranco à pobre lira, agora
Mais parecem soluços de quem chora
Do que a doce toada de quem canta.

Pe. Antônio Tomás.

Nenhum comentário: