10 de out. de 2011

O Palhaço

Ontem via-se-lhe em casa a esposa morta
E a filhinha mais nova tão doente!
Hoje, o empresário vai bater-lhe à porta,
Que a platéia o reclama impaciente.

Ao palco em breve surge...Pouco importa
O seu pesar àquela estranha gente...
E ao som das ovações que os ares corta,
Trejeita, e canta, e ri nervosamente.

Aos aplausos da turba ele trabalha
Para esconder no manto em que se embuça
A cruciante angústia que o retalha,

No entanto, a dor cruel mais se lhe aguça
E enquanto o lábio trêmulo gargalha,
Dentro do peito o coração soluça.

Pe. Antônio tomás.

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